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Por Preta-Rara: Eu, empregada doméstica

Dia da trabalhadora doméstica: uma mulher negra contra os abusos do sistema

 

Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada

Nas pequenas historietas da vida
Venho recitar as minhas rimas
No sol nascente em Santos
Me preparo para tomar um banho
Sempre disposta
A não me render aos encantos
De que… Esperar em Deus
Vai melhorar…
Quem acredita sempre alcança…
Nem acredito!
Logo perco as esperanças
Mas, na labuta diária
Eu sei quem sofre
Lavo louça, roupa, faço comida
Meu salário acaba igual essa correria
Estuda menina
Era o que me diziam
Estudei, mas estou aqui
Eu não entendo
Oportunidade de serviços
Tive um monte
Cozinheira, doméstica, babá, passadeira…
Por que que não me contratam no shopping?
Eu não entendo…
Esforcei-me tanto para pagar um curso de secretária
E nunca entrei em um escritório
Opa! Desculpa!
Cometi um erro
Já entrei sim!
Pra arrumar tudo e lavar o banheiro.

Os dias voam
Os meses passam
E os anos se vão
E eu aqui na mesma situação:
D.O.M.É.S.T.I.C.A
Se fosse por opção
Tudo bem
Tenho várias amigas
Que já se conformaram, mas
Eu não!
Eu necessito sair dessa condição
Quero conquistar outros ares
Me encaixar no mercado de trabalho
Por favor, moço
Me dê uma chance
O Sr. não irá se arrepender
E ele me disse: “tudo bem.”
A senhora vire a esquerda
Entre naquele quartinho apertado
Que a vassoura está a sua espera
Seja bem-vinda!

 

#EuEmpregadaDoméstica
#PretaRara
D.O.M.É.S.T.I.C.A., PRETA-RARA

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