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O ‘balaio de gato’ na política paraibana

A política partidária costuma ser muito movimentada em terras nas quais se respira política, como é o caso da Paraíba. Esses movimentos são mais intensos principalmente em anos eleitorais, como agora, em 2022. Pois bem, essas movimentações são consideradas um tanto quanto naturais, só que até certo ponto.

Dizem que “na política até boi voa”. E a partir dos últimos acontecimentos, a gente percebe que de fato é possível o boi voar. Façamos uma análise lá de trás. O ano era 2018, a situação do governador na época, Ricardo Coutinho, era mais que favorável, tanto que elegeu seu sucessor no primeiro turno das eleições com uma maioria esmagadora de votos.

Além do ótimo governo que fez, Ricardo ainda contou com uma oposição esfacelada e desorganizada, totalmente sem rumo e que não conseguiu emplacar nenhum dos seus principais nomes na época para a disputa do governo do estado, a saber, Luciano Cartaxo, ex-prefeito de João Pessoa, e Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande.

Eleições passadas, resultado consolidado, João, até então pouco conhecido, se tornara o governador da Paraíba. Com alguns meses de governo, estoura a operação calvário. Ricardo, já como ex-governador, é apontado como líder de toda uma organização que desviou milhões da saúde e educação da Paraíba. No finalzinho de 2019, João rompe com Ricardo.

Parece ter sido daí que se gerou todo esse imbróglio, pois, este grupo do antigo e ex-gigante PSB, o time dos girássois, parecia imbatível e distante de deixar o poder, porém, a calvário estragou tudo.

O governador então seguiu com seu governo e diga-se de passagem, muito bem comandado. João, com sua equipe, geriram a pandemia com maestria e a Paraíba esteve sempre em evidência positiva na realidade pandêmica. A oposição até pouco tempo, continuava sem rumo, desorganizada, um desmantelo só.

Depois de um certo tempo e de forma natural, Romero se coloca como candidato das oposições. Suas intenções não prosperaram, ele começa a flertar com o governador, fato que também não prospera, e aí, recua da ideia de ser candidato ao governo. Pedro Cunha Lima, filho do ex-senador Cássio Cunha Lima toma a frente do processo e se lança candidato no final de 2021. Sua candidatura está posta e cada vez mais consolidada.

Outro fato que confunde os paraibanos e paraibanas é a candidatura do senador e presidente estadual do MDB, Veneziano Vital, que rompeu com o governador e se aliou ao antigo aliado dele e do governador, Ricardo Coutinho, além de uma parcela dos antigos girássois, a saber, Estela Bezerra, Cida Ramos, Márcia Lucena e Jeová Campos, e uma pequena ala do PT, partido dos trabalhadores. Inclusive, Vené se diz o candidato de Lula na Paraíba.

A vice-governadora, Lígia Feliciano (PDT), também rompeu com o governo e é pré-candidata a governadora. A ala bolsonarista também lançou o jornalista e ex-candidato a prefeito de João Pessoa, Nilvan Ferreira, ao governo do estado pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro. É importante lembrar que com o rompimento com Ricardo, João deixou o PSB e foi para o Cidadania. Recentemente, o governador voltou ao PSB, partido no qual se elegeu em 2018 e que hoje reúne esforços para voltar a fazer a legenda grande. Ricardo também deixou o PSB e foi para o PT.

Assim, vamos aos fatos mais recentes: a briga de Efraim e Aguinaldo que disputam (ou disputavam) a vaga de senador na chapa de João Azevedo que durava meses, parece ter tido um fim. Efraim Morais entregou o cargo que ocupava no governo, dando fortes sinais de rompimento com o grupo ao qual estava atrelado desde 2010. Rumores já dão como certa e com data marcada a aliança de Efraim Filho e Pedro Cunha Lima, inclusive, fazendo menção a eleição de 2002 quando Cássio e Efraim (pai) disputaram aquele pleito juntos. 2022 promete repetir aquela cena 20 anos depois, só que com gerações diferentes. Aguinaldo, por sua vez, deverá ser confirmado como candidato de João ao senado, contando com o forte apoio do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.

Romero, que integrava o PSD como presidente da legenda até dois dias atrás, foi surpreendido com a decisão do presidente nacional do partido, Gilberto Kassab, em entregar a presidência estadual à senadora Daniella Ribeiro, até então no PP e irmã de Aguinaldo. Esse fato evidencia uma vitória de Eva Gouveia, viúva de Rômulo Gouveia e fundadora do PSD no estado, sobre Romero, que até então, jurava amores pelo partido e desmentia os comentários que afirmavam que ele deixaria a legenda. Outro ponto a ser destacado, é o fato da família Ribeiro passar a comandar dois importantes e fortes partidos no estado: o PSD e PP.

Pera aí! Onde é que a gente ‘tava’ mesmo? Nem eu lembro. Que balaio de gato da gota é esse, hein? Nem vou escrever aqui sobre as lideranças que mudaram de partido, sobre os acordos feitos e tantos e tantos outros acontecimentos…

Por Fábio Ferreira

 

 

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