Brasil

Por Álef Mendes: O racismo praticado dentro de estruturas evangélicas

Grupos evangélicos progressistas questionam legitimidade de lideranças conservadoras – Jornal da USPO racismo está em várias vertentes da sociedade. Segundo Silvio Almeida (2019) esse mal social é estruturante e está imbuído nas mais diversas instituições sociais. 

Exercer o racismo constitui-se um crime inafiançável no Brasil, e ele consiste em discriminar e/ou agir preconceituosamente com pessoas por diferenciações sociais e/ou biológicas. 

Por causa da escravização de pessoas de peles negras, retiradas de forma forçosa do continente africano, para elas trabalharem forçadamente em colônias pelo mundo, atualmente, ainda, muitas pessoas discriminam e desqualificam outras por causa da cor negra da pele, um mal na sociedade, e isso é racismo.

Nesse sentido, apesar de se ter um discurso diferente acerca do amor e carinho apregoado por Jesus Cristo, dentro de muitas igrejas evangélicas brasileiras, infelizmente, tem-se muitos casos de racismo. 

Isso não nos permite pressupor que a igreja evangélica brasileira é racista, mas nos dá percepção de que existem muitos que se dizem cristãos protestantes e até mesmo líderes evangélicos que são ainda pessoas racistas e que precisam ter um encontro com Jesus de Nazaré que  era de pele mais escura (segundo hipóteses científicas) e que era de sangue do povo judeu que foi, historicamente, humilhado e violentado pelo racismo.

Um caso de racismo dentro da estrutura evangélica foi o ocorrido contra o pastor Genival Bento (atualmente pastor no movimento pentecostal brasileiro) que na época em que sofreu pelo racismo não era ainda líder evangélico, mas que conta o que falaram para ele, o que quase o fez desistir da fé.

Um grupo de crentes disse a Genival Bento: “Tu tens defeitos que não permitem a Deus te usar. Bento, tu é pobre demais; tu é analfabeto; E PARA PIORAR VOCÊ É PRETO! (O pequeno vídeo com o testemunho deste pastor pode ser encontrado no link: (https://www.youtube.com/watch?v=XuVexxP4riU ). 

Eu poderia falar de diversos outros casos de pessoas que sofreram racismo dentro de igrejas evangélicas, mas quero destacar a de uma irmã que diz ter ouvido de um líder evangélico ou pastor, a palavra: “Você é uma escrava!”. (O pequeno vídeo com o testemunho desta irmã pode ser encontrado no link: (https://www.youtube.com/watch?v=MsD5eHu5z5g ).

Diante desses testemunhos podemos perceber que o racismo está sendo praticado dentro de igrejas evangélicas brasileiras. Seria a igreja evangélica racista? Não, não podemos afirmar isso, mas podemos entender que existem pessoas ou líderes evangélicos que precisam ter um encontro verdadeiro com Deus, pois vivem oprimindo pessoas dentro de igrejas por causa delas serem pobres ou de peles negras. 

Muitas das vezes pessoas que são negras têm que se negarem enquanto negras para poderem ascender dentro dessas estruturas, o que pode ser entendido pelo livro denominado Pele Negra Máscaras Brancas de Frantz Fanon (2008) que fala o porque que muitas pessoas negras se negam enquanto pretas, muitas das vezes para serem aceitas. Que nós negros digamos: “Eu não quero ser aceito!”. 

Palavras racistas como: “Ele é um negro de alma branca”; “Você é pobre e tem que ascender na escala financeira para poder ser aceito”; e “Você é preto, mas é mais inteligente que os outros negros” são frases que ainda muitos negros e negras que tem a fé evangélica, infelizmente, ouviram e seguem ouvindo. Que o senhor da fé dos negros evangélicos e de todos os que são verdadeiramente cristãos, Jesus Cristo, julgue e condene cada fala racista de pessoas que se dizem evangélicas ou líderes evangélicos, e que são racistas!                       

Citações

ALMEIDA, Sílvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.

FANON, Frantz. Pele Negra Máscaras Brancas. Tradução de Renato da Silveira. – Salvador: EDUFBA, 2008.

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