Meninas de 10 a 14 anos fazem parte dos 67% das vítimas de estupro no país
Da redação com Jornal da Paraíba – Araçagi, 22/02/2023
Ao todo, 69.418 dos estupros foram cometidos entre 2015 e 2019, no Brasil. Desse total, 67% tiveram como principais vítimas meninas entre 10 e 14 anos, conforme o estudo Sem deixar ninguém para trás – gravidez, maternidade e violência sexual na adolescência, do Centro de Integração de Dados e Conhecidos para Saúde (Cidacs), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz Bahia (Fiocruz), publicado nesta terça-feira (21).
Subisidiado por dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Datasus), do Ministério da Saúde, o estudo analisou que adolescentes com idade entre 15 e 19 anos são 33% do total de vítimas de estupro. Em relação ao perfil das vítimas, foi constatado que 54,75% das vítimas são meninas pardas; 34,3% são garotas brancas; 9,43% são garotas pretas e 1,2% são meninas indígenas.
De acordo com o estudo, 62,41% dos autores do crime são conhecidos das vítimas, e em 17,22% dos casos os agressores e as vítimas não se conhecem. Ainda foi observado que em 63,16% dos casos os estupros acontecem na casa das vítimas, enquanto que em 24,8% das situações, o local é público. Em 1,39% o ato ocorreu em escolas.
Para a psicóloga Daniela Pedroso, gestora do Projeto Bem Me Quer, do Hospital da Mulher, as emoções das vítimas menores de idade se confundem quando o agressor é alguém de seu círculo social. Essa confusão aumenta quando o agressor pede que a vítima guarde o fato para si, numa espécie de acordo que não pode ser rompido, já que a vítima perderia o afeto do agressor.
E, de acordo com a psicóloga, o atendimento prestado à vítima é um fator importantíssimo, já que pode definir a permanência das vítimas no hospital. Segundo Daniela, além de oferecer o tratamento de profilaxia, que as protege contra infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) tem maior efeito se forem prestadas em 72 horas após o estupro.
Além do tratamento contra as ISTs, o Hospital da Mulher ainda oferece cuidados nas áreas de consultas com pediatras e ginecologistas da equipe do ambulatório e com psicólogos, encaminhando às assistentes sociais. As vítimas têm o direito de terem atendimento mesmo sem apresentarem o boletim de ocorrência, basta irem a uma unidade.