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Por Jefferson Procópio – Racismo estruturante: um mal secular

Não é atual, mas parece nunca ter um fim. As recentes manchetes sobre os ataques ao jogador do Real Madrid, Vinícius Junior, escancaram algo que já sabemos há séculos, mas que sempre foi impactante pelo grau de ódio do agressor. Como dito no título deste artigo, tentarei explicar algo inexplicável, que é impregnado negativamente no ser humano.

O racismo estrutural é a discriminação racial sistêmica existente nas estruturas sociais. Em outras palavras, é o racismo enraizado na sociedade, que torna-se presente em todos os níveis sociais, sejam eles institucionais, políticos ou econômicos.

Trata-se do tipo de racismo que já faz parte da essência cultural de um povo e ajuda a contaminar todas as desigualdades. O racismo estrutural no Brasil surge no processo de colonização e escravização da população indígena e africana em séculos anteriores, e por mais que atos desumanos como a compra e venda de pessoas, o tráfico, e ser posse de alguém existissem com normalidade, ainda podemos enxergar casos análogos isolados atualmente.

Acredite, ele não diz respeito ao ato enfático em questão (como xingar pejorativamente devido a cor da sua pele) ou então um coletivo de ações de natureza específica. Ele representa algo histórico dos quais as condições de desvantagens e privilégios a determinados grupos étnico-raciais são reproduzidas nas relações rotineiras.

Tentando exemplificar, em termos legais, as nossas normas e padrões que regem nosso comportamento, foram criadas e oficializadas partindo de uma “visão racista” do mundo, levando a crer que a estrutura dessa sociedade possui o racismo como seu componente. O racismo estrutural mostra que a reprodução, mesmo que simples e baixa intenção, de uma fala ou ação, no âmbito geral (político, institucional e social) contém um racismo enraizado. De fato, ele é muito difícil de identificar e muito mais de combater.

Em diversos países, o fim do racismo estrutural deve estar conectado com o fim das desigualdades raciais, que agridem de forma mais grave os grupos étnico-raciais, que historicamente, já sofrem com o descaso. Sendo assim, todas as políticas públicas e iniciativas inclusivas que lutam pela equiparação racial precisam ser feitas, como por exemplo, uma composição de direitos étnico-raciais que reconheçam os apelos específicas de cada grupo.

O que observamos, com o passar dos anos, são casos e mais casos, sejam eles, mais graves, como o emblemático caso Floyd, mas também, citações corriqueiras que para muitos são usuais, porém, apresentam em sua essência uma raiz preconceituosa (denegrir, criado mudo, mulato, entre outras).

Vinicius Júnior e outros anônimos sabem, mais que ninguém, todos os processos que passaram, desde criança até hoje. A pergunta que fica; até quando?

Se vidas importam, não importa a sua cor, e sim o seu valor.

 

Escritos de Jefferson Procópio, Direito com extensão em Ciência Política

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