Vinhos, obras de arte e imóveis: MP detalha vida luxuosa de Padre Egídio
A investigação conduzida pelo Ministério Público da Paraíba no âmbito da Operação Indignus acusa o Padre Egídio Carvalho se viver regado por luxo, com dinheiro desviado do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. O sacerdote foi preso nesta sexta-feira (17).
Para o Gaeco, o religioso, que hoje é proibido de celebrar missas por determinação da Arquidiocese da Paraíba, usou todo o dinheiro para enriquecimento ilícito e uma vida de ostentação.
O Portal MaisPB teve acesso à representação formulada pelo Grupo de Atuação Especial Contra O Crime Organizado (Gaeco) ao desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba. Toda documentação foi usada como base para que o magistrado pudesse decretar a prisão de Egídio, Amanda Duarte e Janine Dantas.
29 imóveis na Paraíba, Pernambuco e São Paulo
A primeira fase da Operação Indignus, deflagrada no mês passado, resultou na apreensão de documentos e aparelhos telefônicos que comprovam, segundo o Ministério Público, que Padre Egídio Carvalho é proprietário de 29 imóveis que somam cerca de R$ 18 de milhões. De acordo com os investigadores, todas as despesas e manutenção das apartamentos eram bancados por Egídio, por mais que estivessem em nome de terceiros.
No celular de Amanda Duarte, pessoa de confiança do Padre Egídio, os investigadores encontraram uma nota fiscal sobre o pagamento da iluminação de uma apartamento no Edifício Saulo Maia, no bairro Cabo Branco, na Capital. Conversas de WhatsApp interceptadas pela investigação mostram Egídio mandando Amanda fazer o pagamento.
Confira a lista de imóveis que são de propriedades do Padre Egídio, segundo o Gaeco
Imóveis eram recheados com peças de luxo
A Força-Tarefa concluiu que todos os imóveis de Padre Egídio “possuíam adornos luxuosos, tais como obras de arte, artes sacras, cristais, eletrodomésticos, equipamentos domésticos, peças de vestuários e acessórios no geral”.
“Até momento, foi apurado um gasto de R$ 358.550,00 (trezentos e cinquenta e oito mil e quinhentos e cinquenta reais) apenas em um único antiquário especializado em arte sacra, além de diversas obras de arte oriundas do atelier em São Paulo, por onde foi perscrutado o gasto de R$ 80.400,00 (oitenta mil e quatrocentos reais) com os quadros. Por motivos de clareza, mister informar que todos os pagamentos foram realizados por intermédio de contas bancárias do Instituto São José”, dizem os promotores.
Confira as imagens feitas durante os mandados de busca e apreensão:
Dinheiro também para vinhos
O Ministério Público diz que o dinheiro desviado do Hospital Padre Zé era usado na aquisição de qualquer objeto ou bem do Padre Egídio. As diligências foram eficazes, segundo o Gaeco, para perceber que Egídio dedicava parte do dinheiro para vinhos.
“Praticamente todos os imóveis estavam abastecidos com exemplares caríssimos de vinhos adquiridos – nitidamente – pela conduta criminosa dos representados”, afirma o MP.
Adegas caras estavam recheadas de espumantes, champagnes e vinhos compradas, segundo o Ministério Público, por ordem do padre.
Bebidas achadas em uma granja no município de Conde:
Bebidas achadas em um apartamento em São Paulo:
Bebidas achadas em um apartamento no bairro de Cabo Branco, em João Pessoa:
Na petição, os promotores afirmam que “vários elementos de prova indicam que as bebidas identificadas foram – em sua maioria – adquiridas com recursos públicos destinados ao Instituto São José”.
Padre Egídio preso
O Padre Egídio de Carvalho, preso por suspeita de desvio de R$ 140 milhões do Hospital Padre Zé, foi encaminhado para Central de Polícia de João Pessoa, onde aguardará audiência de custódia.
Além de Egídio, o desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), decretou as prisões de Amanda Duarte e Janine Dantas.
+ Ao decretar prisão, Ricardo Vital diz que Padre Egídio desviou recursos para construir fortuna
De acordo com a investigação, o religioso participou de um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões.
+ Prisão de Padre Egídio foi necessária por riscos de novas fraudes, diz Ricardo Vital
As fraudes foram operacionalizadas através do Instituto São José, responsável pelo Hospital Padre Zé, e da Ação Social Arquidiocesana, e ocorreram entre 2013 e setembro deste ano, quando veio à tona o escândalo.
+ Egídio desviou verba usada na distribuição de refeição e tratamento de Aids
Os atos ilícitos investigados tiveram um impacto devastador em diversos programas sociais essenciais. Entre eles, a distribuição de refeições a moradores de rua, o amparo a famílias refugiadas da Venezuela, apoio a pacientes em pós-alta hospitalar, realização de cursos profissionalizantes, preparação de alunos para o ENEM, cuidados de pacientes com HIV/AIDS, entre outros. Além disso, as operações ilícitas afetaram gravemente o Hospital Padre Zé, comprometendo o atendimento a populações carentes e necessitadas.