Enem 2022: 1° dia teve redação sobre povos tradicionais e questões citando skatista Rayssa Leal e democracia
O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022, realizado neste domingo (13), teve redação sobre comunidades e povos tradicionais e, nas provas de linguagens e ciências humanas, questões citando a skatista Rayssa Leal, o cantor Chico Science e o estado democrático de direito.
Considerado a “cara do Enem” por abordar um problema social, o tema da redação “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” foi elogiado por professores ouvidos pelo g1, que deram dicas de como abordar a questão.
Eles avaliaram que o primeiro dia de provas trouxe temas relevantes e atuais, foi fundamentado em muita “leitura e contextualização” e acabou honrando a tradição do exame.
GABARITO EXTRAOFICIAL – Confira a correção feita pelo Anglo
A aplicação da prova transcorreu sem problemas em todo o país, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep). Dados preliminares indicam que 2.490.880 participantes fizeram a prova. O número corresponde a 73,3% dos cerca de 3,4 milhões de inscritos nas duas versões (impressa e digital).
Antes da prova, a ansiedade dos candidatos rendeu memes nas redes sociais. Já nos locais de prova, alguns participantes revelaram a última música que ouviram antes do exame, que foi de Roupa Nova a Djonga.
Assim como em outros anos, teve gente que ficou do lado de fora. No Ceará, a estudante Sarah Vivian Gomes até chegou ao local antes do fechamento dos portões, mas saiu para fumar e, quando tentou voltar, às 13h, os encontrou fechados. Em Pernambuco, o estudante Tiago Pereira da Silva deu o azar de o alarme do celular ter tocado durante a prova. Ele acabou eliminado.
Redação
Além dos professores, a escolha do tema da redação, que permite tratar da questão dos indígenas no país, também foi bem recebida por alunos e personalidades. Em tempo de COP 27 e transição de governo, nas redes sociais, pessoas de diferentes perfis apontaram que o momento atual é oportuno para debater o legado negativo do governo de Jair Bolsonaro (PL) no assunto.
A líder indígena Sônia Guajajara, uma das cotadas para ser ministra dos Povos Originários na futura gestão Lula, resumiu em um tuíte a forma como o tema foi recebido entre os indígenas.
“Desde a invasão em 1500 nossos direitos têm sido violados, sobretudo, nos últimos quatro anos onde declaradamente a atual gestão, que já derrotamos nas eleições, executava sua política de extermínio dos povos originários e comunidades tradicionais”, publicou a deputada federal eleita.
O Brasil tem mais de 20 povos e comunidades tradicionais reconhecidos. Os mais famosos são os indígenas e os quilombolas, mas há outros grupos espalhados pelo país (confira a lista aqui).
Dos quatro itens que constavam como referência para os candidatos na redação, dois foram extraídos do g1. O primeiro era um trecho da reportagem “Gente do campo: descubra quais são os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil” e o segundo era uma adaptação de infográfico de outra reportagem sobre o mesmo assunto, cujo título era: “650 mil famílias se declaram ‘povos tradicionais’ no Brasil; conheça os kalungas, do maior quilombo do país”.
Tema elogiado e Bolsonaro citado
Nas redes sociais, o tema escolhido para redação do Enem foi elogiado e o presidente Jair Bolsonaro foi lembrado por sua política para a área, sobretudo em relação aos indígenas.
Ele prometeu, ainda na campanha, não demarcar novas áreas. Depois no poder, manteve a visão de que os indígenas são usados como “massa de manobra” por causa da criação de reservas indígenas.
Em 2018, disse que índios em reservas são como animais em zoológicos. Já no governo, Bolsonaro também afirmou: “Cada vez mais, o índio é um ser humano igual a nós”. E repetiu a intenção de não demarcar nenhuma nova terra indígena no seu governo. Em 2020, declarou que o tamanho das áreas indígenas é ‘abusivo’.
Provas
Em relação às provas de linguagens e ciências humanas, professores avaliaram que ficaram dentro do esperado e tiveram nível de dificuldade adequado.
Para o diretor do Curso Anglo Sérgio Paganim, a prova “honra a tradição do Enem de ser uma prova fundamentada em leitura e contextualização”.
A professora de redação do Stoodi Letícia Flores observou que algumas temáticas presentes na prova de linguagens mostravam a importância de o aluno ter um olhar interdisciplinar e de se manter sempre atualizado por meio de fontes seguras de notícias.
Sobre as questões de ciências humanas, Cláudio Hansen, gerente pedagógico do Descomplica, disse que tinham “um nível de dificuldade de médio para baixo, com um grande caráter interpretativo”.
Fonte: G1