Por Álef Mendes: A emancipação de Araçagi, uma terra que tem história

No começo era um local onde um rio, no qual, vários riachos se encontravam, realizava o seu fluxo normal. Em tempos de grandes cheias o rio transbordava e as margens dele ficavam férteis e nelas cresciam em abundancia um fruto chamado araçá que os indígenas potiguaras, habitantes e conhecedores dessa região, chamavam de fruto dos olhos pequenos. Uma coisa era certa, a região desse rio de muitas águas ou lugar de muitas águas era abundante em araçás. Na língua dos povos originários conhecedores desse lugar, local com muitas águas se pronunciava UÍ e era transliterado com um Y após a invasão dos europeus.

Nisso no principio o nome da região era ARAÇAY (UÍ), mas após a invasão dos europeus como portugueses, holandeses e franceses o nome dessa localidade passou a ser escrito de outras formas como ARASSOAGIPE, ARAÇAÍ, ARAÇAGY e finalmente se consolidando ARAÇAGI pela influência da língua dos franceses. Isso é o que vai constituindo o nome do que seria, em meios aos anos, um distrito e após uma cidade emancipada.

No entanto, o mais importante é que essa terra foi se tornando um forte local de passagem, primeiro dos indígenas que conheciam bastante a área e após pelos europeus e seus descendentes e os negros que foram escravizados e os seus descendentes. O importante que essa diversidade humana é o que constitui a base da população araçagiense no contemporâneo.

Então, tendo Araçagi se formado enquanto distrito, por várias localidades como a antiga Mulunguzinho, Canafistula, a antiga Tainha e várias outras pequenas localidades rurais, concentra-se em meio ao século XIX, principalmente, e começo do século XX onde atualmente se localiza a sua região central, onde se construiu a igreja católica matriz, central e o antigo cemitério da cidade ao seu lado (esse era um costume antigo, o de se fazer cemitérios ao lado de igrejas). Posteriormente, principalmente, a partir de 1950 se constrói nessa região central uma praça, vão se estabelecendo os correios, algumas casas de moradores antigos, delegacia, farmácia e a antiga feira (que depois se mudou para onde hoje é o mercado público) e outras demais instituições, moradias e ruas.

Aos 22 de julho do ano de 1959, em Araçagi muitas pessoas estiveram a festejar, o dia raiou mais forte em corações araçagienses, pois, após articulações e lutas políticas, lideranças dessa localidade conseguiram pela Lei Estadual 2 147 a emancipação política. Nesse momento, a “cidade andaria com os seus próprios pés”, ou seja, lideranças políticas se levantariam e iriam gerir o município. De fato, nas décadas que se prosseguiram lideranças políticas surgiram e construíram escolas, campo de futebol, abriram estradas, novas habitações etc. Nesse primeiro momento não houve eleição, mas Araçagi foi dirigida por José Pessoa de Brito, José Felix da Silva e Olívio Câmara Maroja. E em 1960 ocorreu a primeira eleição constituindo assim o primeiro prefeito e vice da cidade.

Após 1889, isso após o golpe militar, os moradores de Araçagi tiveram outras perspectivas e proposições políticas para a cidade. Assim, levantaram-se grandes nomes políticos no município que cederam terrenos para a construção de novas casas, construção de ginásio de esporte e outras infraestruturas para a cidade.

É certo que os anos do século XXI (vinte um) vieram e nos períodos de eleições municipais o povo efervescia nas campanhas e elegeram gestores e vereadores, os quais passaram os seus mandatos em seus encargos, e um fato interessante é que até a eleição de 2020 não houve nenhum prefeito reeleito em Araçagi.

Dessa forma, estamos no presente, hoje no dia 22 de julho de 2022 comemorando os 63 anos de emancipação política de uma terra histórica; de um lugar que amamos; que vivemos e que tem história que ultrapassa os séculos. Histórias de lutas, de vivências diversas, choros, dores, amores, famílias construídas, bondades e malefícios que são intrínsecos aos seres humanos, as mais diversas experiências ocorreram nessa terra, a qual hoje seus cidadãos festejam mais um ano de emancipação política. Parabéns Araçagi, minha terra amada de histórias, realmente, no plural.