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Por Álef Mendes: O racismo nas práticas cotidianas

Branco em SP e negro em NY: as diferenças e | InternacionalSer negro no Brasil é está propenso a ser violentado, discriminado ou mesmo ser morto a qualquer momento do cotidiano. Ser negro neste país é ser legado a uma educação com falta de investimentos e recursos ou mesmo de um educação que só qualifica mão de obra para o trabalho manual, equalizando uma lógica que há muito tempo foi posta; na qual a elite, de pele branca em sua maioria, manda e os empregados que por vezes são negros obedecem.

Esta noção está ligada ao processo de empobrecimento contra a população negra que foi construído pelo Estado brasileiro no pós-abolição e recebido de bom grado pela elite social e política desta terra, entremeado por uma lógica que se enquadra e se embasa no chamado mito da democracia racial que reverbera ser este país o lugar onde as raças vivem em harmonia, todavia, isto não é verdade; aqui o racismo está demonstrado nas práticas cotidianas, de forma velada, e, infelizmente, ainda existem pessoas que se acham em uma áurea superior a outras por terem as suas peles brancas e usam isto em detrimento a alteridade de raízes africanas, afro-brasileiras ou indígenas.

Os dados demonstram que nesta pátria, nós negros, somos mais de 50% da população, ou seja, somos mais da metade do quadro populacional nacional. No entanto, tanto nas instâncias de poder quanto no cotidiano, o racismo estrutural nos oprime, deprime e nos arrebata dos lugares de decisões importantes; travestido de uma bondade e de uma sutileza maldosa, o racismo, expressa-se em várias atitudes, localidades e funções da sociedade.

Este mal social, o racismo contemporâneo, construído na diferenciação por causa da cor da pele, etnia etc. e que tem as suas raízes na escravização europeia, a qual expressava que o diferente, os de peles negras, podiam ser escravizados, pois, faziam parte de uma raça diferente ou inferior; ele deixou marcas na sociedade atual e a pele negra atualmente serve como um marcador social em vistas dele.

As várias estatísticas que levam em conta o fator raça revelam que quem é negro tem mais chance de ser assinado do que quem é branco; quem tem pele negra terá mais chance de ser e permanecer desempregado do que aquele que não é; de que os presídios estão lotados de pessoas negras, isto em decorrência da falta de políticas públicas; assistência social; e políticas de ascensão social, em detrimento de uma população negra que no Brasil é moradora dos arrabaldes das cidades e vive por vezes em morros e favelas sofrendo com deslizamentos, força do crime, desemprego, fome etc.

No entanto, vamos nos ater as práticas cotidianas. Há poucos dias atrás um jovem congolês, Moise, foi brutalmente assassinado, não por ser de um país diferente, porém a cor da sua pele influenciou em cada paulada, a propensa noção da mentalidade brasileira de que ser negro é sinal de ser bandido, mal, ruim, e assim, um jovem negro que só foi cobrar o que era seu morreu de forma brutal. Pois é, nas práticas cotidianas o racismo mata e também se demonstra em sua maldade quando pessoas apertam o gatilho em negros por serem negros, outrossim, também atinge a saúde mental da gente negra brasileira, por causa das mais diversas atitudes racistas diárias enfrentadas por esta parcela populacional.

Trouxe este caso por ser o mais recente caso da brutalidade racista deste país contra os de peles negras, mas quanto outros milhares de casos já ocorreram? Diversos, na verdade. É um verdadeiro genocídio contra o povo negro brasileiro, aqui reverberando a obra de Abdias do Nascimento acerca do seu livro “O Genocídio do Negro Brasileiro”.

Todavia, quero ir mais além e perceber as práticas cotidianas consideradas menores, sutis, porém nas quais o racismo latente se revela. O exemplo do patrão branco que se exacerba contra a empregada/o negra/o e acha que está fazendo um favor ao “dar um emprego”; o político que só visita às regiões mais pobres da cidade onde em sua maioria habitadas por negras/os, tão somente, nos tempos de campanhas para manter seu poder político-aquisitivo; o pai e mãe que ao ver a sua filha gostar e namorar uma pessoa negra e em primeiro momento sem conhecer acham que esta é um mau-caráter ou criminoso; ou mesmo as diversas violências domesticas que em sua maioria atingem mulheres negras. Este é o racismo cotidiano e eu poderia trazer diversos outros exemplos, mas acredito que estes bastam para percebermos o racismo nas práticas cotidianas.

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One thought on “Por Álef Mendes: O racismo nas práticas cotidianas

  • Zenaide

    Boa tarde nascer negro no. Brasil é chegar aí mundo em desvantagem.

    Zenaide.

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