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Por Álef Mendes: Política, Pão e Circo e Gado Novo

Ze-Ramalho-Admiravel-Gado-Novo-Video-LegendadoNão sirva de massa de manobra. Na política, boa parte da elite que “comanda” à dominação das casas legisladoras ou executoras do poder sentem a grande população como sendo somente uma grande massa a qual eles podem em todos pleitos eleitorais enganar, mentir, comprar, oferecer migalhas.

Daí, trago à tona o denominado Panem et circenses (Pão e Circo). Esta foi uma maneira romana de fazer política, na qual os objetivos eram amansar os ânimos da população mais pobre, a plebe, através de grandes banquetes, festas e grandes eventos tanto esportivos como artísticos, e também a distribuição de subsídios como, por exemplo, trigo e pão para o povo. Isso foi uma maneira de tirar o senso político e “crítico” da população que em troca, não reivindicava nada, e os políticos continuavam dominando as riquezas juntamente com uma pequena parcela dos romanos ricos.

Parece-me que essa técnica de amansar os corpos sociais e políticos da grande massa, retorna com novas proporções, estratégias e finalidades. Isso tanto na política nacional quanto na mais regional. A grande massa popular é enganada com alguns poucos “favores”, verdadeiras “migalhas midiatizadas”, enquanto as questões mais enfáticas e necessárias como geração de emprego e renda; iniciativa pública para as causas sociais; políticas públicas para ascensão social; promoção da igualdade social etc. ficam  em subpastas.

Enquanto isso, os ricos se enriquecem ainda mais com as oportunidades econômicas que a política suja oferece. O pior disso é que grande parte do povo não sabendo o poder que tem fica em discussões supérfluas em redes sociais, seres humanos alegres como algozes de suas próprias realidades, enganados através de migalhas dos que vivem a manter os seus poderes elitizados. Sendo assim, convindo-vos a refletir na letra da música Admirável Gado Novo, mais conhecido pelo refrão “vida de gado” – ecoada pela voz de Zé Ramalho – um verdadeiro clássico da MPB (Música Popular Brasileira). Quero que você reflita, mas já dou uma pequena direção de que o assunto diz respeito ao que anteriormente discutimos neste texto.

Essa é a canção do povo marcado
Do povo feliz
É o admirável gado novo
É o nosso Brasil
Yeah
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa dos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz
Êh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou!
Eh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz
Eh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz
Oh oh oh
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam esta vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar
Não voam, nem se pode flutuar
Não voam, nem se pode flutuar
Eh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz (eu quero ouvir vocês, vai)
Eh, oô, vida de gado
Povo marcado eh
Povo feliz
Feliz
Feliz
Feliz
Oôi
Oh uoh uoh uoh uoh eh eh eh boi
Eh boi, yeah yeah boi

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