Por Joyce Amorim: 28 de outubro
Poema
Há muito tempo
O preconceito trajado de homem
Já ocupava um cargo importante
Mas nada de interessante tinha a dizer
Atacava quem se opunha
A quem tentasse o deter
Destilava o que de pior sabia dizer
Não tinha medo e nem respeito
Justiça? Há tempos ninguém a vê
Da desigualdade, da injustiça,
Do ódio tinha prazer
E em Deus, não parecia crer
Não bastasse
Chegou o ano inglorioso
Em que o homem
Que anunciando boas novas
Encontrara na raiz da ignorância
Cúmplices do ódio e da intolerância
28 foi o dia
Outubro, o agourento mês
Neste dia, então retrocedia
A luta dos que nos antecederam
A história mais uma vez ignorada
E o medo reinava outra vez
Quem disse sim, não se preocupou
Assim a barbárie se institucionalizou
Passado os dias, o povo não aguentou
Percebeu o erro, mas ignorou
Principalmente quem o alertou
Então, por que acreditou?
Era para ser um passo a mais
Retrocedemos
Seria talvez mais fácil
Se o ódio que cega o bom
E alimenta o mau
Não fosse uma barreira estrutural
Que um dia, todos entendam
Que um povo indiferente
Que um povo desigual
Que um povo desunido
É a força motriz
Da legitimação do mal.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.
Joyce Cristina Farias de Amorim
Graduada em Letras português/inglês e Letras espanhol.
Possui Mestrado em Comunicação, linguagens e cultura pela Unama (Universidade da Amazônia).
Ela é professora há 18 anos da Secretaria de Educação do estado do Pará (Seduc), trabalhando com o Ensino Médio.
Escreve poesias e têm algumas publicadas em antologias e ainda um livro publicado de poesias chamado “Reticências: poemas da continuidade”.