ColunistasJefferson Procópio

Por Jefferson Procópio – Efeito Trump: recalculando a rota mundial

A eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016, representou uma ruptura significativa com a ordem econômica e diplomática global estabelecida nas últimas décadas. Seu governo adotou uma postura nacionalista, protecionista e muitas vezes imprevisível, o que provocou uma verdadeira recalculada de rota na economia mundial. Esse fenômeno, chamado de “efeito Trump”, redesenhou estratégias comerciais, abalou alianças históricas e impulsionou uma nova configuração nas relações econômicas internacionais.

Uma das marcas mais evidentes do efeito Trump foi a guerra comercial travada com a China. Ao impor tarifas bilionárias sobre produtos chineses e acusar o país de práticas comerciais desleais, Trump iniciou uma escalada de tensões que levou à fragmentação das cadeias globais de produção. Empresas passaram a buscar alternativas fora da China, acelerando processos de relocalização industrial — o chamado reshoring. Isso impactou diretamente a globalização tal como era conhecida, forçando nações e corporações a repensarem suas estratégias de interdependência econômica.

Além disso, o abandono de acordos multilaterais como o Tratado Transpacífico (TPP) e as críticas à Organização Mundial do Comércio (OMC) sinalizaram um desinteresse dos EUA pela liderança global cooperativa. O mundo assistiu a uma virada rumo ao bilateralismo e à valorização de acordos diretos entre países, o que enfraqueceu instituições multilaterais e fomentou um ambiente de instabilidade normativa para o comércio internacional.

O efeito Trump também teve consequências no campo da geopolítica econômica. O vácuo deixado pela retração dos Estados Unidos foi parcialmente preenchido por outras potências, especialmente a China, que passou a investir fortemente em sua iniciativa “Belt and Road” para ampliar sua influência econômica. Europa e América Latina, por sua vez, buscaram diversificar parcerias, tentando reduzir sua dependência do mercado americano.

Contudo, é importante reconhecer que o efeito Trump não apenas causou reações negativas. Ele também serviu como alerta para a fragilidade de uma economia mundial excessivamente centralizada e interdependente. Países passaram a investir mais em produção local, inovação tecnológica e políticas de autossuficiência estratégica — tendências que, em parte, continuaram mesmo após o fim de seu mandato.

Em síntese, o efeito Trump representou mais que uma mudança de liderança: foi um catalisador de profundas transformações econômicas e políticas globais. Sua gestão forçou o mundo a reavaliar modelos de integração e dependência, e seus desdobramentos ainda ecoam nos debates sobre o futuro da ordem econômica internacional. Resta saber se os caminhos abertos durante esse período consolidarão um novo paradigma ou se o sistema internacional retornará, ainda que adaptado, a um modelo de cooperação mais tradicional.

Escritos de Jefferson Procópio, graduado em Direito com Extensão em Ciência Política e Administração Pública

 

Da Redação / Página PB

Compartilhe este conteúdo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *