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Por Jefferson Procópio – Final melancólico: Bolsonaro x Patriotas

2023 – O final de um casamento que parecia mais devoção do que cumplicidade, onde muitos seguia a “religião Bolsonarista”, como a raça pura da política, de símbolo patriótico ferrenho, anticomunista e interligados ao chefe maior: Jair Messias Bolsonaro. Durante quatro anos, ele repetiu que a “liberdade” deveria valer mais que a própria vida. Mas, agora, quando teria de colocar seus ideais à prova, preferiu fugir para os Estados Unidos.

Enquanto isso, seus fiéis súditos, marchavam com afinco aos quartéis mais próximos, clamando por uma intervenção golpista do exército ao Estado Democrático de Direito, chocando líderes mundiais, associando-os ao “Trumpismo Tropical”, onde bradavam inconformismo e palavras de ordem, ou seria desordem? Até hoje, não sei ao certo a definição de tal ato.

O mandato do ex-presidente terminou de forma melancólica em sua imagem no mundo, ausente das principais cúpulas de 2022 e ignorado por autoridades internacionais. Nem para a Copa do Mundo, o presidente derrotado em sua campanha eleitoral foi e, para observadores estrangeiros e brasileiros, o Planalto pagou caro por quatro anos de uma política externa nem sempre plausível, além de um líder de direita com uma imagem tóxica no exterior.

O fim do governo ainda foi marcado por um fato inédito: uma ausência do chefe de governo na principal cúpula anual do G20, que ocorreu na Indonésia ano passado. Além de nunca reconhecer o resultado da eleição, deixou de lado as próprias funções, encerrando seu mandato de forma prematura e extraoficial.

Jair Bolsonaro foi um péssimo líder para os seus seguidores. Os mais fanáticos apoiadores dele talvez nunca confirmem, mas sabem que tudo se trata de um fato a martelar em suas cabeças. Desde que perdeu, o ex-presidente preferiu se exilar no Palácio da Alvorada, deixando de lado a agenda pública e os compromissos oficiais. Virou um “fantasma vivo”, era apenas visto por lentes curiosas de cinegrafistas tentando descobrir o seu real paradeiro.

Afundado em melancolia, optou pelo silêncio, acreditando que um movimento orquestrado por seus súditos ganhasse força crítica a mobilizar as Forças Armadas em impedir a posse de Lula. Os militantes que se aglomeravam nas BR’s e também na frente dos quartéis, se mobilizaram sob o desejo ardente por uma intervenção, movidos por Fake News, narrativas e propaganda transvestida de análise. O resultado não poderia ser diferente: eclosão da violência política, referendada por piquetes, vandalismo e até uma tentativa de atentado. Tudo em vão.

Imagem final do Governo Bolsonaro

Muitos, ficavam nas ruas, sob a chuva e o sereno, onde os crédulos no infalível e imbrochável capitão ungido, foram usados enquanto o filho do presidente curtia a Copa do Mundo e outros de seus adeptos faziam reflexões intermináveis sobre movimentações militares que nunca existiram, mesmo que ali e aqui, chefões da caserna tenham flertado para a ruptura. Porém, não passou de uma fantasia montada pela falácia de quem ponderou o radicalismo e dele se fartou em nome de holofotes e falsa relevância.

O repertório de absurdos dá a visão do ex-presidente e do que ele acredita em ser democracia e institucionalidade. O choque de realidade em seus seguidores vai criando uma vastidão de momentos ridicularizados e de memes que nascem automaticamente. Pessoas que vão do desespero a raiva exacerbada. Bolsonaro decidiu sair pela porta dos fundos do poder, mandando saudações para os patriotas que ele deixou, sem amparo e direção.

 

Escritos de Jefferson Procópio – Político, graduado em Direito com extensão em Ciência Política e Administração Pública

 

Da Redação / Página PB

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